ORQUESTRA TÍPICA DOS OITO BATUTAS (1928-1929)
Sob a denominação “Orquestra Típica dos Oito Batutas”, foram lançadas entre 1928 e 1929 catorze gravações pela Odeon, sob a direção de Pixinguinha. Apesar do nome, o conjunto não deve ser confundido com os Oito Batutas, grupo lendário de Pixinguinha que foi à França em 1922, e nem com a Orquestra dos Batutas, nome sob o qual Pixinguinha iria gravar na Victor a partir de 1931.
Segundo o pesquisador José Silas Xavier, tudo indica que a Orquestra Típica dos Oito Batutas (ou simplesmente Orquestra dos Oito Batutas) seria formada pelos mesmos elementos da Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, que gravava no mesmo período na Parlophon, ambas sob a direção e com arranjos de Pixinguinha. Em suma, seria a mesma orquestra gravando com duas denominações diferentes, por conta de determinações contratuais que as ligavam a gravadoras distintas. Essa hipótese parece ser comprovada pelo fato de que a música Vem meu bem, gravada originalmente em disco Odeon nº 10249 A com o cantor Benício Barbosa e a Orquestra dos Oito Batutas, foi posteriormente relançada pela Parlophon com acompanhamento atribuído à Orquestra Típica Pixinguinha-Donga (Parlophon 12.876 A). Na época, apesar de serem gravadoras diferentes, a Parlophon e a Odeon eram subsidiárias do mesmo grupo internacional.
Dessa forma, se evidencia que o nome Orquestra Típica Pixinguinha-Donga era exclusivo da Parlophon, enquanto a Odeon usava a denominação Orquestra Típica dos Oito Batutas (ou Orquestra dos Oito Batutas), mas, na prática, o grupo orquestral era o mesmo. Este fato fica ainda mais evidente pela audição do material sonoro, realmente muito parecido nas duas orquestras.
A escolha do nome Orquestra dos Oito Batutas era, sem dúvida, uma forma de se aproveitar a grande popularidade do grupo Oito Batutas, surgido em 1919 para tocar no Cinema Palais e que se tornaria símbolo nacional a partir da viagem a Paris em 1922. No entanto, é difícil precisar quantos dos membros originais dos Oito Batutas integraram posteriormente a Orquestra dos Oito Batutas. Com absoluta certeza temos apenas os nomes de Pixinguinha e Donga. China, violonista e cantor da formação original e irmão de Pixinguinha, havia falecido em 1926, antes, portanto, da formação da orquestra. Existe ainda a possibilidade de que Nelson Alves, cavaquinista da formação original dos Batutas, tenha se incorporado à orquestra, mas não há nenhuma base documental que prove tal fato. Para além dos remanescentes da formação original do conjunto, o pesquisador José Silas Xavier também cita outros músicos que possivelmente fizeram parte do grupo orquestral (veja mais detalhes em Orquestra Típica Pixinguinha-Donga).
Entre os cantores que gravaram com a Orquestra Típica dos Oito Batutas, encontram-se Benício Barbosa, Patrício Teixeira (sendo que ambos também gravavam com a Orquestra Típica Pixinguinha-Donga, mais um indício de que seria o mesmo grupo) e Francisco Alves, que inaugura, com a gravação da música Ai eu queria (de Pixinguinha e Augusto Amaral, o Vidraça), em 1928, uma longa trajetória em comum com Pixinguinha: serão dezenas de gravações que o Rei da Voz realizará sob a batuta e os arranjos do autor de Carinhoso.