URIEL LOURIVAL (Francisco Uriel Lourival) – Natal RN – ? – Rio de Janeiro RJ – ?
Filho do poeta Lourival Açucena, era cantor, compositor e letrista, tendo iniciado suas atividades artísticas compondo modinhas.
Na edição do programa O pessoal da Velha Guarda de 21 de janeiro de 1948, Almirante o apresenta como “um dos mais curiosos compositores dos gêneros de versos rebuscados”, antes de dizer que seu primeiro grande sucesso “foi uma triste canção que correu o Brasil inteiro” chamada A ceguinha, gravada em 1926 pelo cantor Artur Castro com acompanhamento da American Jazz Band de Sylvio de Souza. Outros sucessos de sua autoria foram as valsas Céu moreno (gravada em 1935 pelo então iniciante Orlando Silva) e Mimi, sua composição mais conhecida e regravada, tendo sido lançada em 1932 por Sylvio Caldas. A propósito desta última, o poeta Vinicius de Moraes se refere a ele (no livro Para uma menina com uma flor) como “o divino poeta da valsa Mimi”.
Uriel Lourival era, aliás, parceiro de Pixinguinha na valsa Olhos sonhadores, que receberia nova letra de Vinicius de Moraes e seria rebatizada com o nome de Seule, para ser incluída na trilha do filme Sol sobre a lama, de Alex Viany, em 1963.
Nas fontes de pesquisa, são escassas e imprecisas as informações sobre Uriel Lourival. Sabe-se que nasceu em Natal (em data não informada) e que chegou ao Rio de Janeiro em 1900. No entanto, o ano de morte informado na maioria das fontes (1932) pode ser contestado em pesquisas na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, onde se encontra, por exemplo (Jornal do Brasil, 21/06/38), a notícia de sua presença na Noite de São João do Botafogo F. C., onde inclusive declamou poemas. Em outras ocorrências, seu nome aparece como atração vocal em emissoras como a Rádio Club (em 1927) e a Rádio Philips (em 1932), nesta segunda ao lado de Pixinguinha.
“Uriel é o verdadeiro escritor sentimental, as suas letras musicadas mexem com os nossos corações porque todas são de uma beleza inigualável, pois descrevem tudo que este formidável boêmio sente n’alma”, escreve Alexandre Gonçalves Pinto (o Animal) no livro O choro, no qual seu sobrenome é grafado de maneira diferente: Norival. O Animal também exalta a boemia de Uriel, que “fica num pagode por noventa dias” e “nem a sua própria família tem notícias do mesmo”.
Foram duas as ocupações profissionais que manteve em paralelo à vida artística: como cabo de polícia (tendo composto a marcha Tiro de Guerra 249, entoada em solenidades do Exército) e funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, onde trabalhou como condutor de 1922 a 1926.