FAUSTINO PEDRO DA CONCEIÇÃO (Tio Faustino)
Festejado por vários jornais do Rio de Janeiro da década de 1930 como o introdutor de “instrumentos primitivos e africanos” no samba, tais como o afoxé e o omelê, Faustino Pedro da Conceição, o Tio Faustino, era de origem baiana. Em entrevista ao jornal Diário Carioca de 15 de janeiro de 1933, Faustino declara ter nascido na freguesia de Sant’Ana na Bahia, onde teria sido diretor técnico do Rancho Robalo, um dos “melhores conjuntos da Bahia”. Conhecedor “de todas as danças típicas do Brasil” como “o jongo, samba, coco e candomblé”, teria se mudado para o Rio de Janeiro em 1911 em companhia do Dr. Júlio Vieira Brandão, logo se integrando aos ranchos Flor do Abacate e Corbeille de Flores. Em 1931 passa a integrar o Grupo da Guarda Velha e a Orquestra dos Batutas, onde será responsável pelos instrumentos de percussão que tanto encantavam o público e a grande imprensa. Continuará a tocar com Pixinguinha na Orquestra Diabos do Céu, espécie de prolongamento do Grupo da Guarda Velha. Na mesma entrevista ao Diário Carioca, declara ter registrado os instrumentos por ele lançados e ameaça aqueles que pretendiam copiá-lo:
“Quero lançar o meu protesto contra aqueles que estão usando, ilegalmente, os instrumentos que lancei no Grupo da Guarda Velha. O ‘omelê’, o ‘agongô’ e o ‘afoxê’ estão registrados oficialmente e foi publicado o registro de propriedade no Diário Oficial. Quero avisar aos colegas que não usem tais instrumentos, pois senão serei obrigado a agir judicialmente contra os infratores do registro, garantindo o meu direito de privilégio dos exóticos instrumentos”. Fechando a entrevista, afirma estar escrevendo um “manual de termos africanos” (clique aqui para ver a entrevista na íntegra).
Como compositor, teve duas músicas gravadas pela Orquestra dos Batutas: Capote de mango é teu e Vejo a Lua no céu, ambas gravadas pela cantora Elsie Houston.
Segundo Nei Lopes, Faustino foi, além de músico, um dos grandes vultos da religiosidade africana do Rio de Janeiro da época.