GRUPO DO PIXINGUINHA (1917-1922)
A fama de Pixinguinha como flautista se inicia em 1911, com suas gravações com o Choro Carioca e as primeiras participações no Teatro Rio Branco, sob a regência de Paulino Sacramento, e em casa noturnas da Lapa, como La Concha. Ao longo da década de 1910, essa fama só cresceria, sendo cada vez mais reconhecida pela grande imprensa. Ao lado do grande virtuose, nascia também na década de 1910 o compositor: após as primeiras músicas autorais – Carne assada e Não tem nome, gravadas pelo próprio Pixinguinha no grupo Choro Carioca, e o tango Dominante, gravado em 1916 pelo Bloco dos Parafusos –, a década de 1910 veria o nascimento de dois clássicos: Sofres porque queres e Rosa, valsa que inicialmente recebeu o título de Evocação.
Estas duas músicas foram gravadas por Pixinguinha pela Odeon e lançadas em 1917. Em ambos os discos o locutor anuncia os executantes como Grupo do Pixinguinha e o selo dos mesmos indicam a formação instrumental: flauta, cavaquinho e violão. No catálogo da gravadora, entretanto, o grupo vem anunciado como “Choro Pixinguinha”. Ao que parece, estes nomes foram dados à revelia de seus intérpretes: pelo menos é o que se depreende do depoimento de Pixinguinha ao Museu da Imagem e do Som. No mesmo depoimento, Pixinguinha afirmou que o violonista que o acompanhou nas gravações foi Tute – percussionista da Banda do Corpo de Bombeiros e violonista – mas não há indicações precisas sobre o cavaquinista. É provável que tenha sido Nelson Alves, que depois faria parte dos Oito Batutas, mas há ainda a possibilidade de ter sido Henrique Vianna, irmão de Pixinguinha.
Além de Sofres porque queres e Rosa, encontramos na discografia mais 12 músicas gravadas pelo Grupo do Pixinguinha entre 1919 e 1922. Todas elas apresentam o mesmo acompanhamento de violão e cavaquinho (sendo que este último realiza em várias delas contrapontos melódicos e não apenas o acompanhamento tradicional).
O repertório reflete na prática o depoimento de Pixinguinha ao MIS: “Comercialmente, tínhamos que tocar um bocadinho de cada coisa”. Além de choros (Os Oito Batutas e Os dois que se gostam, ambos de autoria de Pixinguinha), valsas (Agonia lenta, de Germano Benencase, e Nostalgia ao luar, de Pixinguinha – esta última recentemente relançada em partitura no livro Pixinguinha: inéditas e redescobertas), sambas (Fica calmo que aparece, Domingo eu vou lá e Eu também vou, todos eles ainda na tradição dos sambas-amaxixados da Cidade Nova) e fox-trotes (Dançando, Ipiranga e O fim da lua de mel), encontramos ainda um tango argentino (La brisa), de Francisco Canaro.
Finalmente, sobre as músicas Morro do Pinto e Morro da Favela, apontadas pela Discografia Brasileira em 78 rpm (Funarte, 1982) como sendo interpretadas pelo Grupo do Pixinguinha, ainda pairam dúvidas sobre seus reais executantes (clique aqui para ler mais).