GASTÃO VIANNA (Gastão Escolástico Vianna) – Rio de Janeiro RJ – 1902/03 – Rio de Janeiro RJ – 08/07/1959
Filho do chorão Juca Kallut (José Lourenço Vianna), era compositor, cantor e violonista, sendo guarda civil de profissão. Segundo o jornalista Sérgio Cabral (Pixinguinha, vida e obra), participou de um grupo carnavalesco criado por Pixinguinha para os carnavais de 1929 a 31, com o nome de Descobrimos o Enredo e Vamos Abrir o Bico – do qual também faziam parte Donga e Nelson dos Santos Alves. Sua data de nascimento não é sabida, porém seu obituário publicado pelo Correio da Manhã (10/07/1959) informa que ele faleceu “aos 56 anos”, tendo sido sepultado no Cemitério de Inhaúma. A partir do mesmo texto, sabe-se que Gastão “foi um boêmio completo”, “nunca quis se casar” e “não deixou um único filho”. Sua morte ocorreu na sede da União Brasileira de Compositores, onde sofreu um infarto fulminante.
Foi parceiro de Pixinguinha na composição de músicas de cunho afro-brasileiro, como a macumba No terreiro de Alibibi (gravada pelo Conjunto Tupy em 1932, na Victor), o samba-jongo Mulata baiana (gravado por Patrício Teixeira em 38, na Victor) e os lundus africanos Benguelê (gravado pelos Anjos do Inferno em 46, na Victor), Festa de Nanã (gravado por Patrício Teixeira em 41 na Victor) e Yaô (lançado por Patrício Teixeira em 38, na Victor, e posteriormente cantado por Pixinguinha na RCA Victor, em gravação de 1950), entre outros – como Kalu, Raiado, Tem mironga (Mironga de moça branca) e Vovó Maria Conga.
A propósito de Yaô, o poeta e produtor Hermínio Bello de Carvalho escreve no encarte do LP Gente da antiga (de Clementina de Jesus, João da Bahiana e Pixinguinha, produzido por ele em 1968, na Odeon): “Segundo Pixinguinha, Gastão Vianna gostava de fazer sambinhas afro-brasileiros, com palavras africanas. João da Bahiana, que sola o número, é quem explica: ‘yaô’ são as filhas de santo do terreiro. ‘Aquicó’ é o galo, ‘peru adié’, a galinha. Isso quer dizer: o galo com as galinhas no terreiro faz inveja para os rapazes solteiros. ‘Jacutá de preto velho’: casa de babalaô. Oxóssi é São Sebastião. Vamos saravá Xangô, vamos saudar São Sebastião”.
Fora da parceria com Pixinguinha, Gastão Vianna aparece principalmente como compositor de músicas de carnaval, a começar pela marcha Macaco, olha o teu rabo, seu maior sucesso, composta para os Tenentes do Diabo no carnaval de 1933 e na qual Benedicto Lacerda aparece como seu parceiro. Também com Benedicto é o samba Com a mão nas cadeiras, gravado por Joel e Gaúcho para o carnaval de 1938. Já com Jorge Faraj ele assina Vivo bem na minha terra, samba lançado por Francisco Alves em 1941. Dois anos depois (1943) foi a vez de Isaurinha Garcia fazer sucesso com O sorriso do Paulinho, samba de sua autoria em parceria com Mário Rossi. Em 52, seus principais lançamentos foram os sambas Calvário do amor (com Jorge de Castro, lançado por Blecaute) e Nem queira saber (com o violonista Rogério Guimarães, lançado na voz do próprio Gastão Vianna).