DUQUE (Antônio Lopes de Amorim Diniz) – Salvador BA – 10/01/1884 – Rio de Janeiro RJ – 28/01/1953
Depois de formar-se dentista, aos 20 anos, trocou Salvador pelo Rio de Janeiro em 1906 e, nas noites boêmias, aproximou-se do ambiente artístico, ingressando no teatro e depois na dança – com apresentações que realizava à noite, depois de dedicar os dias ao consultório. Já era famoso como dançarino (pelas coreografias exóticas que criava para danças como o maxixe) quando, em 1909, mudou-se para Paris como representante de produtos farmacêuticos. Não prosperou na atividade comercial, e sim como dançarino, transformando uma dança popular desprezada pela elite brasileira – o maxixe – em moda parisiense, vencendo concursos internacionais (como o de Berlim, em 1913, com a ítalo-brasileira Maria Lino), atuando no cinema (com a francesa Gaby, em 1918), abrindo suas próprias academias de dança e excursionando por Montevidéu, Buenos Aires, Londres e Nova York.
Foi também com Gaby que Duque se apresentou, em fins de 1921, no bar/restaurante Assírius (no subsolo do Theatro Municipal), com os Oito Batutas. No ano seguinte, caberá a ele a chancela para o conjunto de Pixinguinha, Donga e cia. fazer a famosa temporada em Paris, sob sua direção artística, primeiro no Dancing Scheherazade e depois em sua própria casa, o Chez Duque (às vezes identificado como Le Duque). “Ele gostava muito do que a gente fazia e interpretava a nossa música nos pés”, disse Pixinguinha, conforme publicado pelo jornalista Sérgio Cabral (Pixinguinha, vida e obra), que aliás credita a Duque a ideia de levar os Batutas a Paris. “Depois de quatro compassos, já estava criando coisas novas nos pés”.
Dali a uma década, o dançarino baiano estará novamente ao lado de Pixinguinha quando, após o carnaval de 1932, o grupo da Guarda Velha (dirigido pelo compositor e arranjador carioca) for atração de uma temporada bem-sucedida na Casa de Caboclo – salão de espetáculos instalado por Duque no que restou do Teatro São José (Praça Tiradentes, Centro do Rio), após incêndio em setembro de 1931. As apresentações dos Batutas eram divididas com uma dupla humorístico-musical que era lançada na Casa de Caboclo e faria imenso sucesso: Jararaca e Ratinho.
Duque é lembrado ainda como compositor, tendo assinado sucessos como o maxixe Cristo nasceu na Bahia (com Sebastião Cirino), a marcha Albertina e o samba Passarinho do má, as duas últimas lançadas por Francisco Alves no primeiro disco brasileiro gravado no sistema elétrico, em 1927, pela Odeon.